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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Parabéns a todos os Escritores e suas Ideias


Ideias

As ideias como semente brotam,
Por dentre as volutas de meu cérebro.
Como vermes em meus lobos,
Que se alimentam de meu córtex.
Agonizam-se por toda a caixa.
Por vezes, parecem escorrer pelos tímpanos.
Em gritos ensurdecidos.
A chamar minha atenção.
A gritar em vão - Cá estou.
Em labirintos, as ondas propagam-se,
Como num instrumento de sopro.
A gritar em notas.
Em claves, fusas, semifusas.
Ouça-me, cá estou.- a ideia.
Muitas vezes preferira ser acéfala.
Para que não brotassem tantas.
Vil coisa que vira imensa.
Palavras soltas que viram contos.
Em minha garganta engasgam,
Rasgam minha laringe.
Até que por fim,
Num movimento involuntário,
Dedo a garganta, vomito-as.
Em jatos caem com letras garrafais.
Como gotas de sangue na terra.
Gotas de letras no papel.
Formando textos de palavras diversas.
Arremessas às linhas, certas.
Outrora dispersas.
Sem nexo.
Agora em ordem, tomam o rumo.
Descansam, enfim, ao serem escritas.
Escrever as sacia.
Escrever as sossega.
*  “(...) escrever é enfiar um dedo na garganta.
Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma.
Pode sair até uma flor.
Mas o momento decisivo é o dedo na garganta (...)”
Agora sim, tenho sossego.
Não mais me atormentam.
Soltas no papel,
Ganham vida própria.
Transformam-se em jardim.
Às vezes em pântano,
Depende da intensidade.
Da brutalidade,
Delas, as idéias.
Alforriam-me,
Libertam-me.
Deixam-me.
Até a próxima leva.
O próximo pelotão.
O próximo jato.
Enquanto houver hemisférios.
Córtex, lobos, laringes, garganta.
Ideias.
Escrevo.



Fabiana Coelho Guaranho



*ABREU, Caio Fernando. Da Cólera ao Silêncio



Não vai embora ainda



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